Para a Îs

I.
As gentes sustentam escuros
segurando um espaço sem matéria
nem luz

Crescem em torno desertos
que se mantém no amor;
o escuro é ainda
atrás desse espelho

Deserto atrás de deserto,
mais belas e áridas terras de ausência
e dança
de partículas sub-atômicas
quânticas...

II.
Segundo doutrinas antigas
como morrer sem já
carregá-la, a morte?

III.
Há um quarto com uma porta e a porta
não fecha: entreaberta

O deserto não cabe atrás da porta

Será ilusória essa areia?
Nem só o masculino é universal
A ruminadora supera
e espera
para não lograr a si.
Mastiga e embola
e degusta.
Saliva.
Não conhece o fundo
fruto
de seu próprio crime.
Perdeu-se no gosto
na papila gustativa
e no estômago.
Más ambições de lado.

A ruminadora
quando preciso
come pedras
como animais antigos.
Poucas dores ultrapassam
seus objetivos.
Ela sente
nos dentes
a brutalidade das coisas
e as dissolve na língua -
o órgão do prazer
não importa o que digam.